Páginas

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Sugestão de tema para Aula

Corpo, saúde e beleza.


Todo professor de Ensino Médio percebe o impacto que certos modelos de beleza corporal, insistentemente propagados pelas mídias (televisão, revistas, etc.), exercem sobre os alunos, que, com frequência, julgam-se obesos, querem emagrecer e tornar-se musculosos. Para isso, aderem a regimes “milagrosos”, praticam exercícios de forma equivocada e eventualmente fazem uso de substâncias proibidas, como anabolizantes e remédios que inibem o apetite, com prejuízos para a própria saúde. Sabemos que tais situações muitas vezes são com partilhadas pelos alunos com os professores de educação física, os quais precisam estar preparados para lidar com isso.

Basta prestar atenção as capas das revistas voltadas para o público adolescente e jovem (em especial para as meninas), a venda em qualquer banca de jornal, e constatar o que sugerem ou prometem explicitamente: “Emagreça comendo de tudo!”, “Defina seus músculos com apenas 15 minutos de ginástica!”, “Corpo novo em três meses!” etc. A personagem central das capas é sempre uma mulher jovem (raramente de etnia negra), bela, magra e sorridente, em geral trajando biquíni fotografada das coxas para cima, em pose sensual. Também as figuras masculinas são, em geral, homens jovens e brancos, às vezes com o peito nu e pernas expostas, para exibir uma musculatura bem delineada. 

No interior dessas revistas também sempre encontramos programas de exercícios ginásticos para diversos grupos musculares com a promessa de “diminuir a barriga”, “endurecer o bumbum” etc., ou a sugestão de corridas, caminhadas e práticas de esportes para “perder calorias” e, portanto, emagrecer. Percebe-se aí como exercício físico não é associado à saúde ou bem estar, mas ao modelo estereotipado de beleza corporal caracterizado pela extrema magreza corporal. Se calcularmos o índice de massa corpórea IMC (peso dividido pela altura ao quadrado) IMC = peso/estatura² das modelos e artistas estampadas nas capas, encontraremos valores muito baixos, que indicam magreza, as vezes abaixo do mínimo para que uma pessoa seja considerada saudável, além de estarem muito distantes da média nacional.


Todavia, para esculpir esse modelo corporal definido pelas mídias (para mulheres e homens) não basta apenas o exercício físico, nem mesmo conjugado com dieta. Exige também a intervenção cirúrgica (lipoaspiração, cirurgia plástica propriamente dita, próteses de silicone). Tudo isso, com devido suporte de supostas evidências científicas, aumenta oferecimento de produtos e serviços associados a busca desse ideal de beleza corporal – massagens, cosméticos, equipamentos de ginástica domésticos, alimentos light e diet etc. – no contexto do chamado “mercado do corpo e do fitness”. Contraditoriamente, esse mercado convive em nossa realidade com bolsões sociais de pobreza e miséria, nos quais há ainda muitos brasileiros que passam fome!

Esse bombardeio de informações verbais e visuais fixa um modelo de beleza (o qual contribui decisivamente para a construção das representações sociais do corpo) e, ao propor os meios para alcança-lo com facilidade ilusória, não mais nos dizem: “você pode...”, mas “você deve!”. É muito difícil resistir a essa pressão, e a partir de certo grau de adesão as práticas alimentares e de exercitação física sugeridas pode haver comprometimento da saúde, bem como constrangimento social decorrente da sensação de não atingir o padrão idealizado.

Tais referências externas dificultam o alto conhecimento, reconhecimento das possibilidades do ser humano e seus limites tal como é, e restringem as possibilidades do Se – Movimentar em jogos, esportes, ginásticas, lutas e atividades rítmicas a certos objetivos muito específicos (emagrecer, delinear a musculatura etc.), empobrecendo seu potencial formativo.

Em todos os canais de comunicação, e também nos espaços públicos, ditam-se as regras de cultivo do corpo. Dentre os exercícios físicos, difundiram-se a musculação o fisiculturismo, as atividades de fitness. O corpo belo é aquele sempre “super definido”, “durinho”, sem celulite ou estria.

Apesar dos avanços em relação à compreensão dos mecanismos pelos quais a alimentação e o exercício físico podem contribuir para a aquisição e manutenção de níveis adequados de saúde, a busca por um determinado padrão de perfectibilidade da beleza impulsiona o consumo de produtos, de práticas e de recursos nem sempre compatíveis com esse propósito.

Diante da possibilidade ou ilusão... de obter resultados expressivos em curto espaço de tempo, muitos jovens passam a adotar condutas por vezes enganosas ou mesmo prejudiciais a saúde, entre as quais se encontram as dietas “milagrosas” e o uso inadequado de suplementos alimentares.


Modificações drásticas na dieta que resultam em perdas acentuadas de peso em curto espaço de tempo são difíceis de serem mantidas. Além disso, a perda de peso observada decorrente principalmente da redução hídrica (perda de água), bem como da perda de tecido magro, permanecendo as reservas de gordura quase inalteradas, especialmente em virtude da diminuição na taxa metabólica de repouso (energia gasta para manter o funcionamento orgânico durante o estado de repouso).

Em verdade, programa saudáveis de emagrecimento preconizam que a perda ponderal não deva exceder 1% do peso corporal total por semana, evitando-se assim prejuízos na regulação metabólica, função imunológica, integridade óssea e manutenção da capacidade funcional ao longo do envelhecimento.

Alguns questionamentos para aprendizagem.

•    Quais são os padrões de beleza predominantes em nossa sociedade? 

•    Quais os modelos de beleza corporal predominantes em nossa sociedade?

•    O que pensam disso?

•    Reconhecem o impacto que causam em si próprios e em seus pares?

•    Como se percebem em relação a tais modelos?

•    Julgam que é possível alcançar tais modelos?

•    Por que meios?

Possiblidades Interdisciplinares

Os temas “produtos e práticas alimentares e de exercícios físicos associados à busca de padrões de beleza” e “consumo e gasto calórico: alimentação, exercício físico e obesidade” poderão ser desenvolvidos de modo integrado com biologia e química (organismo humano, composição e estrutura química dos nutrientes) e matemática ( cálculo do consumo, IMC e gasto calórico). Converse com os professores que ministram essas disciplinas e auxilie os alunos a refletir sobre os temas de forma multidimensional.

Nenhum comentário:

Postar um comentário